O pai do Cubinho
Natália Anseloni Nista
Mario Mastrotti começou sua carreia jornalística aos 15 anos, no jornal Diário do Grande ABC, na época do governo do General Ernesto Geisel. Foi através dos estudos de desenho e artes visuais e a indignação sobre a realidade política durante o período da ditadura militar e da censura ( conhecido como “Anos de Chumbo”), que criou Cubinho. Mastrotti publicou seus trabalhos em mais de 30 jornais. Hoje, o cartunista publica no Jornal Paulistano, Revistas Casual e Nosso Papel e continua a desenhar a história do Brasil.
1- O senhor já desenhava quando se interessou por charges?
Sim, estudo desenho e artes visuais desde os 7 anos.
2 - Quando passou a fazê-las profissionalmente?
Aos 15 anos no jornal Diário do Grande ABC, com sede em Santo André na região do ABC paulista.
3 - O senhor acha que a charge é desvalorizada diante das demais ferramentas de comunicação? A existência de uma charge ou da tira/charge que publico, depende da visão do editor e da abertura que o jornal possui para debater, criticar e apontar problemas da sociedade. Normalmente os jornais não gostam de se expor tanto.
4 - Por que o senhor criou o personagem Cubinho, como ele nasceu? Foi a vontade de um garoto que queria desenhar somada a indignação sobre nossa realidade política e social.
5 - Desde a adolescência o senhor demonstrou interesse por temas mais densos, como você se relaciona com esses temas hoje? Não tenho problemas de relacionamento com os temas, meu problema é que a maioria não desaparece das pautas de reivindicações de nosso povo.
6 - Qual é a criação que o senhor mais gosta? Por que? Aquela que traz resultado positivo, a charge é uma ferramenta da comunicação jornalística.
7- O senhor acha que durante o período da ditadura e da censura a charge, a caricatura e as tirinhas possuíam um apelo maior do que os textos? Não, elas eram complementares mas atraiam outros públicos que, por preguiça ou falta de hábito, não leriam as matérias da época.
8- Qual foi a melhor forma de resistir ao regime? Estar do lado da verdade, da paz e da esperança de um país mais inclusivo.
9- Como foi publicar conteúdos inéditos em grandes jornais aos 15 anos? Foi um sonho de criança realizado.
10- Como foi trabalhar no mesmo veículo que o Ziraldo? Conheci o Ziraldo no primeiro aniversário da revista Bundas onde já era colaborador da revista, ele foi meu editor. Fantástico, ele está ligado sempre no 220w.
11 - Como foi sua relação com a ditadura e o período em que combateu a censura? Nunca estive ligado a nenhum partido, nem movimento de combate a ditadura. Meu trabalho era jornalístico, como uma crônica gráfica que utiliza o humor para chamar a atenção.
12 - Qual dos seus trabalhos causou maior repercussão? Não dava para mensurar na época mas as pessoas comentavam e muitos quando me encontravam nas ruas elogiavam a tira do dia.