Ditadores ainda são homenageados com nomes de estádios
São muitos estádios brasileiros que possuem nome de presidentes e governadores que participaram da Ditadura. Conheça alguns deles.
Juliana Zanlorenzi
São muitos estádios brasileiros que possuem nome de presidentes e governadores que participaram da Ditadura. Conheça alguns deles.
50 anos após a Ditadura Militar o país ainda possui escolas, ruas, avenidas, comércios e até estádios com nome de ditadores brasileiros. Há projetos e algumas campanhas que pedem para mudar os nomes desses lugares.
Há uma campanha nacional para que escolas “apaguem” o nome de ditadores de sua nomenclatura.
Em Fevereiro deste ano, o governo da Bahia conseguiu com que o nome do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, presidente do país na época, mudasse para Carlos Marighella, herói baiano morto pela Ditadura. Isso graças a uma votação na instituição.
De vez em quando, praça ou rua amanhece com um novo nome. No futebol, não poderia ser diferente.
Em 2013 um Projeto de Lei entrou em discussão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para mudar nomes de locais públicos de Belo Horizonte, inclusive do estádio Governador Magalhães Pinto mais conhecido como Mineirão.
No cadastro de estádios da CBF, apenas 1 estádio leva o nome de presidente da Ditadura, o Estádio Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Itabaiana (SE).
Outros estádios levam o nome de governadores que apoiaram o Golpe de 64. Como o Estádio Governador Magalhães Pinto (MG), Estádio Plácido Aderaldo Castelo (CE), Estádio Alberto Tavares Silva (PI), Estádio Pedro Pedrossian (MS), Estádio Lourival Baptista (SE), Estádio Adhemar de Barros (SP), Estádio Antônio Carlos Magalhães (BA), Estádio Governador João Castelo (MA).
Heloísa Greco, representante da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça, afirma que existem muitos prédios, praças, vias públicas e os estádios que foram nomeadas em homenagem a torturadores durante o período da Ditadura.
Sobre o projeto de lei em Minas Gerais, ela explica que ele é essencial. “Não devemos deixar que os locais homenageiem os ditadores. Todos precisam ter seus nomes mudados, isso é uma falta de respeito com a população”. Heloísa ainda indica que o novo nome precisa ser de pessoas que sofreram com a repressão.
Em entrevista ao site Hoje em Dia da Rede Record o autor do projeto, Deputado Paulo Lamac, disse que todos os países passaram por uma crise em algum dia e apagam seu passado de alguma forma e em algum momento. Ele confirma que o projeto precisa ser aprovado porque só assim o país dará um passo maior para o esquecimento desta triste época.
No dia 12 de março a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Minas Gerais aprovou o pedido e ele será encaminhado para a votação no plenário até o fim deste semestre.
Sobre os outros estádios é possível afirmar que nenhum deles tem previsão de mudança de nome.
A jardineira Mariana Cassol Fonseca, hoje com 67 anos, relembra que estava na inauguração do estádio Pedro Pedrossian em Mato Groso. Ela é filha de um dos mestres de obra na época. “O governador estava lá e todos da cidade estavam comemorando. Apresar do período ser turbulento, nem pensávamos na ligação do nome à pessoa. Hoje, penso que o nome poderia mudar. Como fica dentro de uma universidade, ele deveria homenagear alguém da universidade ou ter o mesmo nome que a mesma”.
Mariana ainda conclui: “Mudar o nome dos estádios será um bem para banir a Ditadura da memória”.
Aqui você encontra o nome dos 9 estádios que homenageiam presidentes e governadores da época da Dtadura militar no país.